Associação Recreativa Escola de Samba Unidos Guaranis
apresenta para enredo do carnaval de 2019
"Pedreira Favela encantada"
Na presidência de Roldney Teodoro a agremiação apresenta seu enredo para o carnaval de Belo Horizonte em 2019.
Histórico da Escola
Originária do
bloco Índios Guaranis que desfilava para fazer divulgação dos produtos da Flora
São Jorge, o bloco Índios Guaranis sagrou-se campeão nove vezes consecutivas .
Em 1963 recebeu o convite da Secretaria de Turismo para se transformar em
escola de samba , o que aconteceu em 1964. Em seu primeiro desfile como escola
conquistou o segundo lugar dando início a sua trajetória de glórias.
A escola obteve a
primeira colocação nos desfiles oficiais por quatro vezes: 1973 , 1975, 1978,
1979. Reconhecidamente a escola mais querida, tem como marca registrada a
bateria, considerada a melhor da cidade, sambas enredos antológicos e uma
fantástica ala de passistas onde os seus componentes são considerados os reis
do samba no pé, várias vezes vencedores do concurso de cidadão e rainha do
samba.
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Bandeira da A.R.E.S. Unidos Guarany |
A Unidos Guaranis foi fundada onde nasceu a primeira escola de samba da cidade, a lendária
Pedreira Unida, fundada em 1937, por Popó e Chuchu. Teve como antecessoras as
inesquecíveis, União Surpresa e Unidos da Colina. Por isto ostentamos com muito
orgulho o fato de termos raízes no berço do samba de Belo Horizonte.
Nossa Escola tem
em sua história alguns ressurgimentos, comprovação da nossa resistência e nossa
regeneração natural. Em 2003 fomos nós os precursores do movimento que retomou
os desfiles das Escolas de Samba que hoje completam 16 anos ininterruptos. Em
2019 nos apresentamos com uma nova direção, que se apresentam imbuídos da mesma
energia que nos nutri e nos impulsiona na manutenção impar dos nossos valores
basilares para escrever uma nova pagina na história do carnaval de Belo
Horizonte.
Pedreira Favela encantada
Fundamentação
Primeira Favela do Brasil surgiu por volta de
1894, o presidente era Prudente de Morais, nosso primeiro presidente civil. O
novo conjunto de moradias surgiu a parir de uma promessa do governo federal aos
combatentes de canudos. O governo já tentara destruir canudos outras vezes, e
sempre amargou em fracassos.
Então para
convencer os soldados a lutarem ele prometeu moradias, se vitoriosos eles
voltassem. Canudos foi destruído em um
dos maiores genocídios da nossa história. Os soltados voltaram ao Rio para
receber o prometido pelo governo. Então,
o governo não cumpriu o prometido. Os soldados acamparam em frente a sede do
governo e por lá ficaram vários dias causando um constrangimento enorme ao
presidente Prudente de Morais.
Depois de muito
tentar uma providência, o governo autorizou os renascentes das tropas que
lutaram em Canudos, que se estalassem em um morro próximo, que passou a ser chamado Morro da
Providencia. Como vimos, a promessa governamental não foi cumprida a cabo. Sem
ter como construir suas casas, os ex-combatentes se apossaram das madeiras já
utilizadas em embalagens das cargas no cais do porto. Está madeira era extraída
de uma arvore da região de dava favos, foi com esta madeira que os primeiros
ocupantes do Morro da Providência construíram os primeiros barracos. Dai o nome
seguiu para o Brasil a fora, denominando todos ajuntamentos de moradias com as mesmas características. Estava criada
a primeira Favela do Brasil.
Nos últimos
tempos, temos ouvido de políticos ignorantes e a imprensa simpática denominarem nosso lugar com coisas do tipo: Aglomerado, comunidade, vila. Só para deixar
claro, nenhuma destas nomenclaturas nos representa.
Aglomerado, em sua forma simples, se refere a
toda e qualquer coisa que se junta, se reúne ou se aglomera, Aglomerado. Vila
vem do conjunto de habitações medievais europeias que ficavam do lado de fora
das fortificações e seus castelos. Naquele tempo já não representava algo de
bom o morador de Vila não tinha o direito de andar armado de espada ou faca,
nem para se defender. E atualmente não mudou muita coisa o substantivo derivou
outras palavras e nenhuma tem significado positivo, senão vejamos; vilão,
vilania, por exemplo. As vilas foram implantadas no Brasil no século XVIII, mas
a configuração em nada se aproxima das favelas brasileiras. Comunidade;
comunidade tem origem latina, representa um grupos de indivíduos que
compartilham e/ ou dividem: espaço, alimentos, religiões, hábitos e costumes.
As favelas são se
contextualizam em verbetes; marginalizadas, perseguidas e combatidas,
resistiram. Reverteram e contradisseram as lógicas sócias, contribuíram
consideravelmente com a sociedade brasileira. Das favelas nasceram gêneros
musicais e seus dançarinos, a cultura favelada significa um expoente que eleva
ao infinito o contexto cultural brasileiro.
Segundo Clovis
Salgado, renomado politico mineiro, “A
emancipação cultural é o marco final de todo um processo de um povo que marcha
rumo a liberdade”. A contribuição das formas culturais originadas das
favelas, são marcas indeléveis na construção no mosaico
cultural brasileiro.
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Velha Guarda do Samba de Unidos do Guaranis - arquivo Associação Cultural Odum orixás |
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Apresentação da Velha guarda da Feira cultural Formigueiro Cultural na sede da Associação Cultural Odum Orixás em 2018 |
Em Belo Horizonte
Na Capital mineira
as favelas surgem simultaneamente com o surgimento da cidade. As populações que
vieram para construir a nova capital habitavam precariamente os alojamentos
improvisados em canteiros de obras. Com o escaneamento das obras os
acampamentos foram desativados.
A pedreira Prado
Lopes foi uma área de exploração de matéria prima, especificamente granito, para
a construção da capital dos mineiros. A existência das Pedreiras, sim
Pedreiras, eram pelo menos quadro
próximas a área Cidade de Minas. Foi um
dos motivos que favoreceram nossa região na preferencia da comissão
construtora. Ou seja, se não fosse a fartura do material amplamente usado para
calçamento de vias publicas, poderíamos ter a capital dos mineiros em outra
região do estado.
O Granito daqui
retirado, também foi usado na arte da cantaria, técnica quase desaparecida em
nossos tempos. Depois de exaurido o
material da chamada Pedreira da Viação
a área foi abandonada e ocupada por trabalhadores remanescentes dos
alojamentos, mas buscavam uma moradia próxima aos canteiros de obras. O lugar
herdou o nome de Antônio Prado Lopes, um engenheiro de segunda classe da
comissão construtora da cidade que foi autorizado a extrair granito e fornecer
para a obra.
A bem da verdade,
a Pedreira não foi a primeira favela da cidade, mas hoje é a mais a antiga. A
primeira favela de Belo Horizonte ficava atrás da estação ferroviária onde hoje
temos a rua Sapucaí. O lugar era abrigo de trabalhadores e gente honesta, mas
dava muito trabalho para Aristides Maia. Um negro republicano encarregado da
manutenção da ordem, da segurança e dos bons costumes da população
belorizontina.
O Homem como produto do meio.
O
ser humano em sua infinita resiliência se reveste de habilidades para superar
as dificuldades oferecidas pelo ambiente que está inserido. Então, o ambiente
das favelas criaram durante todos estes anos um tipo de cidadão diferente,
cidadania sim. As favelas são as trincheiras da cidadania. O favelado marginalizado
pela sociedade se agarrou a tudo que lhe estava ao alcance assegurar sua cidadania. Em Belo Horizonte
atualmente somos 226 favelas, segundo números oficiais.
Diante do inóspito, os pedreirenses
criaram sua própria cultura, seu próprio linguajar, sua própria vestimenta, sua
musica e seu jeito de andar. Em ser
pedreirense existe uma satisfação que os de fora desconhecem, o tipo fuleiro
que sobe e desce o morro a toda hora, e tem passagem livre por toda a cidade.
Ao
olharmos uma favela a noite, vemos milhares de luzes, e as vezes esquecemos que
estas milhares de luzes também nos olha. Impossível mesurar tantas vidas atrás
de cada luz. A pedreira foi uma solução que os primeiros moradores criaram por
não ter o escolha, hoje ser morador da Pedreira é opção de cerca de 8.000
pessoas. Pessoas que trabalham nos mais diversos segmentos pela cidade a fora e
depois de um dia inteiro de labuta voltam pros seus barracos, que nos chamamos de lar.
O
pedreirense é o resultado da simbiose com seu mundo, um enfrentamento
constante, um antropofagíssimo que beira o infinito. O pedreirense atual é
multifacetado, traz nuances de tudo que o cerca, convive com os mais diferentes
credos, escuta, toca e dança os mais variados ritmos. Mas o que mais lhe
representa é o samba, o que difere o samba de outros ritmos explorados pelos
Pedreirenses é que em Belo horizonte, os dois tiveram o mesmo berço, a
pedreira.
A
Pedreira tem uma história que seus moradores desconhece e a cidade se
esquece. Com raras exceções encontraremos
alguns munícipes que possam testemunhar
a este respeito, em 1937, dois moradores
da pedreira fundaram a primeira escola de samba da cidade. E o samba tem feito
parte da vida de gerações inteiras, dentro e fora da pedreira. Coisa mais banal
é em um beco, ou um barraco e ate mesmo num destes botecos ver uma criança
sambando. Mas como assim, quem ensinou esta criança a sambar? Ninguém ensina,
vem no DNA.
Estes
trabalhadores anônimos, estudantes desconhecidos, sambistas renomados,
professores, flanelinhas e afins. Passistas, ritmistas, Baianas, figurantes,
maiorais, gente brasileira. Que encontra satisfação e felicidade nos momentos
mais improváveis e em lugares mais difíceis. Chico Buarque, em sua Opera do Malandro,
afirma” O malandro é o barão da ralé”,
este é o nosso mundo. Aqui não há espaço para amadores, vivemos e sobrevivemos
na corda bamba. Extraímos nossa
essência de elementos e situações que
outras comunidades sequer sabem que existe, o que julgam efêmero nossa dá vida, o que chamam de favela
é o nosso lar. Somos Favelados.
O
samba se confunde com a nossa existência: Somos o que somos, imagem fidedigna
do nosso lugar, que por sua vez reflete tudo aquilo que fizemos dele deste que
plantamos nele o primeiro barraco, e damos à este ser e este lugar uma trilha
sonora com surdo, cuíca, pandeiro e tamborim. Tudo sob a ação do tempo, lá se
vão 88 anos, cobrimos as pedras de barracos e enchemos os barracos de gente.
Pedreira e Pedreirense; criador e criatura em uma alternância de posições sem
fim. O encanto, acontece incessantemente,
revelando a magia pra quem sabe olhar.
Conheça a sinopse
Sinopse
O
enredo da Unidos Guaranis vem falar da Favela e do Favelado, da pedreira e dos pedreirenses,
deste sentimento simbiótico que une criador e criatura. A Favela da pedreira
vem reivindicar as nuances de seu caráter, que a constitui. E afastar pseudos
favorecimentos de nomenclaturas simpáticas como: Comunidade, Vila, aglomerado,
que por terem fundamentos maquiadores, inibem os pilares de sustentação da
nossa identidade.
Difícil externar a dimensão do sentimento de
ser favelado e pedreirense. É um jeito de ser e de viver que exala liberdade, entre
as favelas belorizontinas a pedreira tem suas pecularidades. A Pedreira tem
várias representatividades, temos nosso jornal, nossos times de futebol, nossa
própria dança de salão, nossas escolas de samba e nossas escolas regulares.
A
Pedreira é uma Favela por excelência, que provoca um bairrismo desmedido em
seus moradores. Este sentimento positivo não esconde as macelas que nos afligem, elas fazem parte de toda e
qualquer favela, o que nós temos talvez , são algumas alternativas que
contrabalanceiam e equilibram nosso cotidiano.
Hoje
cantaremos nosso sentimento pela
pedreira , ousaremos tentar o
inatingível , revelar o inimaginável, mostrar o invisível e dizer o indizível.
Antecipadamente apresentamos nossas escusas, penetramos agora em um universo inusitado , nos
atreveremos a compor um samba que em poucas linhas e versos, materialize o orgulho e o prazer de seremos Pedreirenses.
Textos acima de Mário César Almeida - Diretor de carnaval da agremiação
Já podem ir treinado o samba enredo
O
Samba Enredo :Pedreira Favela encantada
Compositores: Mário César- letra.
Música: Carlão do cavaco
Lá,
Lá, Laia
Lá,
Lá, Laia
Lá,
Lá
Láia,
Láiaaa
Lá, Lá, Laia
Lá,
Lá, Laia
Lá,
Lá
Láia,
Láiaaa
Só
quem é da Pedreira
Lá,
Lá, Laia
Como
é que é
A
vida por láaaa
Só
quem é da Pedreira
Lá,
Lá, Laia
Como
é que é
A
vida por láaaa
Quem
sobe o morro
E
desce a ladeira
Ainda
Batalha na segunda feira
Pedreira
Escola deonde o samba fez abrigo
Que
encara a vida de frente
Não
corre Perigo
No
meio de tanto contrate uma escola de samba
Que
vive e mostra ao mundo que é gente bamba
Pedreira
Reconheço
sua nobreza
O
mundo do samba já tem a sua realeza
Em
versos não da falar
A
magia daquele lugar
Só
que sabe, quem é da Pedreira
Que
pode falar
Só
que sabe, quem é da Pedreira
Que
pode falar
Lá,
Lá, Laia
Lá,
Lá, Laia Só
que sabe, quem é da Pedreira
Que
pode falar
Lá,
Lá, Laia
Lá,
Lá, Laia
Associação Recreativa Escola de Samba Unidos Guaranis
C.N.PJ. 21.854.526/0001-09
Sede: Avenida Antônio Carlos, 1548 São Cristóvão Belo Horizonte Minas Gerais
Quer saber mais da escola e desfilar?
Faça contato com a escola: 31 99514-4961
O blog CARNA BH deseja toda sorte ao retorno ao carnaval da cidade desta grande escola.
Agradecemos a disponibilidade e que façamos o melhor carnaval do Brasil.
Adorei a materia , principalmente por falar do começo de tudo , popó , Xuxu, homens que comecaram a historia das escolas em BH.
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